segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ciclo I - Nostalgia

Estar com vocês. Sorrir com vocês. Brincar com vocês. Minha alma se enche de êxtase. Meu espírito flutua, enquanto em nossas convenções se evocam as memórias do passado. E eu me lembro dos meus primeiros anos, em que era um ingênuo garoto gordinho que mamou até os 4 anos de idade, usou fralda até os 5, e bebeu leite em mamadeira até os 7. Aos 10, o garotinho feriu sua natureza pacífica com a sua primeira briga na escola. Aos 11, seu primeiro beijo. Aos 13, sua primeira desilusão. Creio que a partir daí a infância, que tardou a voar, já não estava mais presente na sua mentalidade. Maturidade veio bem depois, ficando nesse espaço um misto de confusão, aprendizagem e experimentos.

Minhas atitudes de criança me fazem rir hoje, e me trazem um bom sentimento de nostalgia. Ao conversar com vocês, eu relembro do dia em que minha mãe tentou a todo custo fazer com que eu parasse de mamar, e passou babosa no mamilo. O bebê , que já tinha mais de 3 anos, chora ao sentir o gosto de fel, e a mãe tem piedade, lavando o mamilo e dando-o ao seu filho. Ao examinar meu corpo, lembro de como ganhei as cicatrizes que ficara gravadas em mim como uma recordação das traquinagens infantis. Lembro-me de quando eu fui a um cinema pela primeira vez, assistir MULAN, e a euforia me fez bater na porta de vidro.



Revendo minhas fotos, recordo-me das minhas antigas amizades. Aquelas cujo tempo foi mais forte que o laço que nos unia, e que fez com que as pessoas se perdessem na história da minha vida. As amizades de escola, movidas por grande companheirismo, mas sem atração alguma para continuar fora desse ambiente. Como será que vão aqueles meus amigos em que nós trocavamos juras de amizade eterna? Que caminho será que eles trilham? Quais eram mesmo os seus nomes?

Ver comida me lembra que eu era o 'bolinha' da família, aquela criança que comia duas fandangos e um pastel de queijo por dia, e ganhou numa brincadeira de ano novo o título de "mais guloso". A criança não se importou nem um pouco de ganhar esse título, mesmo porque isso fez com que ela ganhasse uma caixa recheada de bombons de leite em pó. Lembrar da obesidade também me lembra do terror por médicos, em que a criança ia em pânico, temendo pelo médico receitar uma cirurgia ou vacinas, remetendo também ao medo por agulhas.

Lembro desses detalhes ao ver passar uma criança. Lá vai ela, brincando e sorrindo, não pensando no amanhã (talvez apenas no desenho animado de amanhã). A sua maior pretensão de vida é ganhar no jogo que está brincando. Seu maior compromisso é fazer a tarefinha de casa. Ela pode não saber, mas ela é feliz, pois tem tudo que precisa. Um dia ela crescerá. Abandonará o lar para fazer seus próprios passos. Procurará alguém para estar junto. Se preocupará com dinheiro. E sentará na praça, observando as crianças brincarem, pensando nas mesmas palavras que escrevo agora. Pensando no seu mundo que tinha tudo, mas que não voltará mais.

imagem sugerida por cervejadecereja