sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ciclo I - Dois em Um


Eu me sinto escravo dos meus próprios sonhos. Me perco quando mergulho em mundos em que eu possuo as fronteiras, mas não o domínio. Minha subconsciência...porque tu me trais? Eu pensei que fossemos amigos. Pensei que estivestes do meu lado o tempo todo. Que aprovasse as decisões que tomei nesse caminho pedregoso de dores e amores. Mas não. Fecho meus olhos, e tu me fazes perder o controle. Me obriga a assistir minhas próprias sinas. Meus próprios pecados. Meus próprios prazeres. E o irônico , é que quanto mais tempo gasto com racionalidade, mas emocional tu me tornas.

Não me esquecerei da sua mais nova traição, minha doce irmã siamesa. O dia em que eu caí numa casa cheia de quartos escuros, com sete portas em que viviam sete irmãos. Vejo eu mesmo caminhando em direção à porta mais escura, pois sei o que está atrás dela. Escuto um dos irmãos me chamando, e eu, submisso, atendo ao seu ordeno.

Subconsciência, você conhece esse irmão tanto quanto eu. Você chorou por ele enquanto eu apenas tentava me congelar. Respondeu promessas quebradas com pragas, enquanto a mim, cabia a boca calada. Me sugeriu que eu o colocasse dentro de uma caixa, trancasse e jogasse a chave fora na mais alta cuesta. Então porque gratuitamente, me atira aos seus braços? Porque me faz ver o quão esplêndido seria se o imaginário fosse real? "Para te fazer abrir essa caixa de pandora, e fazer voltar à superfície um desejo adormecido..." Tu me responde. "...porque esqueces de tempo em tempo que és humano, e isso é significado de ser fraco."

Pois eu abraço este desafio que me impões, meu córtex flagelador. Pois se há algo que eu devo te provar, é que sei aprender lições. Sei errar. Sei errar o mesmo erro. Mas que também sei aprender com ele. E te prometo que tentarei te prometer que não mais derramará lágrimas, nem profanidades por um circulo cuja seta acaba de retornar ao estágio inicial. Será um ciclo, ou será desta vez uma reta, pronta para seguir em frente, rumo ao infinito? Acho que sou corajoso, mesmo que masoquista, o suficiente para tentar ver se há horizonte ou curva fechada no fim dessa estrada. Olho muitas vezes pra trás, atraso ao máximo meus passos, mas não há saída. Inevitavelmente parto daqui, para conferir um futuro constituído sabe-se lá de quê. "Não se esqueça que pessoas e fatos podem ser traiçoeiros" é o seu último conselho. Eu ouço, porém não escuto. Porquê eu deveria ter medo de coisas traiçoeiras do mundo físico, quando você mesma, minha subconsciência, que vive no abstrato, já vive me pregando peças?

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ciclo I - Em Transição

Post fruto de uma conversa que tive hoje com minha mãe, via msn. Banalizamos a palavra "clima" para nos referirmos tanto a tempo quanto a relações interpessoais. O que nós conversamos marcou, e me deu inspiração para este texto. Obrigado, mãe.
Uma era está acabando. Morrendo para dar lugar a uma nova, que está perto de nascer. Frio dá lugar a amenizagem. No ambiente, e na minha alma. Inverno finalmente coloca seu cobertor, apaga a vela que o iluminava, e se prepara pra dormir. Sai então a senhora primavera, com sua coroa de rosas, e seu traje feito de hera, voando pelo mundo e despejando suas pétalas nos olhos de quem não a esperava.

Acabou. Este é o fim do frio que me perturbava. Fim dos dias cinzentos. Fim das longas noites. Fim desse silêncio, que martelava em minha cabeça mais do que mil trovões. Passei frio por muito tempo. Esse é o momento de ligar a minha vela e expulsá-lo. Chega dos dias azuis. Agora eu quero verde. Verde que está entre o azul frio do inverno e o amarelo ensolarado do verão. Verde das plantas. Porque não, verde de esperança? Esperança por tranquilidade, paz, e a promessa de que terei um lugar mais aconchegante quando eu chegar em casa. É só o que eu peço nesse momento. Curtirei bem a chegada dessa nova era, a primavera, de forma bem tranquila. Na próxima era as coisas vão esquentar, e muito...mas ainda falta alguns milhares de segundos até lá. Foco nessa, e torcida para chegar na outra de bem. Verde de esperança, lembram?