sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ciclo II - Party Monster

Já preparei tudo. Agora é só torcer para que todas as transilvânias recebam minha mensagem. Já enviei os convites - escritos com sangue, claro. Já pendurei as aranhas no teto. Já abati algumas virgens para fazer a tal torta de carne que dizem ser tão boa. Já contratei os strippers. Nada, nada, arruinará a grande festa que preparei para vocês esta noite. Aguardo ansiosamente para ver a criatividade de vocês nas fantasias. E não se esqueçam, quanto menos roupas, melhor. Quem vier nu, ganhará um beijo a mais. Esta noite eu quero três coisas: que beire a escatologia, que louve o bizarro, e que reine a exposição. E que reine a exposição.

Que festa linda. Todas as criaturas vieram. Lobisomens, fantasmas, bruxas. Alguns vieram fantasiados de humanos. Corja, servirei-os aos meu zumbis de estimação até a alvorada. A bandinha tomou conta do piano, e esse cântico gultural deixa as minhas entranhas em frenesi. As pomba-giras rodam nas trevas acima de nós. A orgia caminha entre os meu convidados, seduzindo um por um. Eles se deliciam em uma onda de volúpia, e comem uns aos outros, em um espetáculo brilhante de prazer e sangue. Nem acredito em como pude ser tão bom anfitrião. Essa vai ficar para a história. Esta noite eu quero três coisas: que beire a zoofilia, que louve a hematofagia, e que reine a exposição. E que reine a exposição.
 

Silêncio! Chegou a hora de mostrar o grande banquete que preparei para vocês. Aí está, três virgens nuas, as mais saborosas do meu estoque, prontas para serem comidas vidas. Uma se chama Saudade; outra, se chama Crença; esta última, tão bonitinha, se chama Dependência. Quem precisa delas? E quem precisa de seus olhares cobertos de terror? O intervalo de tempo entre o tocar de sininhos e o completo desmembramento das três virgens foi uma questão de segundos. Nunca vi vampiros tão sedentos antes. Como eu sou um bom anfitrião. Olhem, o primeiro já está caindo morto. O segundo acaba de estourar. Três, quatro. Meus olhos brilham com o tapete com cor de morte que se formou com os corpos empilhados de meus convidados. O sangue mortal de tal virgens mostrou-se ser o veneno tão eficaz quanto eu esperava. Agora posso morrer também. Hora de retirar esta capa preta cínica que manti por toda a festa. Aliás, que festa. Mas logo, logo irá amanhecer. Devo botar esse meu lado pra dormir, enquanto o outro espera a chegada do novo dia. Do fim desta noite, ainda quero três coisas: que fique a nostalgia, que louve minha primazia, e que reine a exposição. E que reine a exposição.

Mas só até o dia chegar.

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