terça-feira, 18 de junho de 2013

Ciclo III - Mágoa



Passo a acreditar que te negaram o acalentador leite materno no berço de sua negra história, e no lugar, bebeste fel. Pois foste contaminado em algum momento com o amargor do mundo, e agora seu hálito cheira a inveja, a rancor e a negatividade. Não satisfeito em manter para si esta aura de cores escuras, tentas contaminar eu e ao mundo com suas ideias infelizes. E eu me nego a participar de tal incoerente farsa. As cortinas se fecham, e permaneço na plateia, apenas alheio. Ou assim eu pretendia. Calúnia é a palavra da vez. Rapidamente tu me enxergas na multidão e tenta me trazer ao palco. Apenas tenta. Não te atrevas a tentar novamente!

Se diz iluminado, mas é capaz de enegrecer até o mais alvo olhar infantil com a sua noção ferina. Se diz glorificado, mas o seu lado cruel está tão exposto e vivo que consegue escalpelar de mim as camadas mais sombrias, deixando-as igualmente expostas e vivas, e infelizmente, livres para devolver reciprocamente a carga negativa que as agitaram. Sinto daqui o seu perfume, que me causa ânsias, e a qual eu preferia cheirar enxofre a ser obrigado a recordar que tal aroma existe; que me traz na memória a tua inveja perante os amigos conservados e a uma estabilidade; o teu ódio, até então não justificado e fruto de alguém que prefere a guerra à calmaria; a tua imposição, ideia fútil de que exerces algum tipo qualquer de influência, mal sabendo tu que tuas ideias erradas são motivo de risos e exemplos de caminhos a não se seguir.


Deveria eu congratular-te por ter tido a capacidade de abalar o meu juízo a ponto de me fazer colocar no papel as pronuncias dessa tempestade; poucos o conseguiram. Agora tenho consciência de que raivas também me fazem extravasar as palavras para que eu fique oco, como os teus argumentos. Não é mesmo fácil uma pessoa perder a expectativa de meu perdão no horizonte, ganhando, ao invés desse ímã de boa energia, desprezo e o desejo de uma presença dolorosa no lugar de apenas ausência.

Obrigado por ser um espelho retalhado e manequim vivo da alma a qual não quero, sob hipótese alguma, encontrar pontos em comum com a minha. Pude notar em quais buracos tropeçaste, olhando eu atentamente e pulando-os ao por eles passar. Se eu soubesse anteriormente com o que estava prestes a lidar, teria eu , naqueles dias em que te vi tropeçar, feito questão de passar indiferente do outro lado da rua no lugar de inocentemente oferecer-te a mão como anteriormente fiz. Mas já que o fiz, não devo eu lamentar-me, e sim retirar, se possível, o mel que resta no meio desse piche. Porque até com a mais vil das víboras extrai-se um aprendizado: nesse caso, a cultivar no coração uma mágoa de estimação.

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